Fugindo do Bilionário

Endireitei minha saia lápis antes de bater na porta do Sr. Caldwell. "Sr. Caldwell, o senhor queria me ver?,” eu disse suavemente ao entrar.

"Sim, Hailey, entre, por favor,” ele acenou.

Ao me aproximar do Sr. Caldwell, notei um homem sentado em uma das cadeiras em frente à sua mesa. Eu não o reconheci, apesar de eu ser assistente pessoal do Sr. Caldwell há mais de cinco anos. O homem estava bem-vestido em um terno sob medida e seu cabelo estava penteado com perfeição.

O Sr. Caldwell tinha uma expressão estranha no rosto enquanto olhava de um lado para o outro entre mim e o visitante. Havia tensão entre os dois senhores, e eu não tinha certeza do que fazer.

"Hailey, gostaria de apresentá-la ao seu novo chefe,” disse o Sr. Caldwell.

Dizer que eu estava confusa seria um eufemismo.

"Desculpe, senhor, você disse... novo chefe?,” perguntei.

"Exatamente, Hailey. Conheça o Sr. Theodore Benson, o novo proprietário do que agora será conhecido como Benson Enterprises,” disse o Sr. Caldwell, apontando para o homem.

O Sr. Benson se levantou e se virou para mim, e eu engasguei mentalmente. Ele tinha um rosto bem definido e esculpido, com nariz reto e maçãs do rosto altas. Seus lábios eram perfeitos – cheios, com um toque de carranca. Imediatamente os imaginei descendo pelo meu pescoço e engoli o gemido que quis escapar.

Seus olhos percorreram meu corpo, desceram e subiram novamente, até que se fixaram nos meus. Minha respiração acelerou quando me vi perdida em suas profundezas cinzentas e hipnotizantes.

Ele era fisicamente perfeito. E também era o tipo de homem do qual eu fazia o possível para ficar longe. Homens como ele eram o sonho de consumo das garotas, mas também eram a razão pela qual essas mesmas garotas acabavam em lágrimas.

Vi muitas de minhas amigas serem vítimas desses homens, por isso precisava ficar longe dele. Não queria ter meu coração partido por ninguém, muito menos por ele.

"Bom dia, Srta. Pritchett. Prazer em conhecê-la,” disse o Sr. Benson, estendendo a mão.

Olhei para sua mão. Não queria apertá-la, mas sabia que precisava respeitar as normas sociais. Eu era a assistente, não a chefe, e precisava desse emprego. Então, com tudo dentro de mim gritando para não fazer isso, segurei sua mão. A eletricidade se propagou entre nós, e um formigamento percorreu meu corpo.

"Prazer em conhecê-lo também, Sr. Benson,” respondi. Fiquei surpresa com a força da minha voz. Dei uma olhada mais de perto no Sr. Benson. Ele me pareceu familiar, mas não consegui identificá-lo.

"A Sra. Pritchett tem sido minha assistente nos últimos cinco anos, e posso dizer honestamente que ela é a melhor do setor,” disse o Sr. Caldwell com orgulho.

Fiquei vermelha com o elogio. "Bom, eu não diria que é a melhor, exatamente..." Eu me arrastei, sem saber mais o que dizer. Percebi que ainda estava segurando firmemente a mão do Sr. Benson e a soltei. Seu olhar estava fazendo eu me contorcer, e lutei contra o arrepio que queria percorrer minhas costas.

"Ah, Hailey, sempre modesta,” disse o Sr. Caldwell com um sorriso.

"Você disse que o Sr. Benson é meu novo chefe. Você está deixando a empresa, senhor?" perguntei, ansiosa para mudar de assunto.

"A papelada acabou de ser finalizada. O Sr. Benson comprou a empresa, e agora ele é o proprietário e o novo chefe da antiga Caldwell Industries,” disse o Sr. Caldwell com uma ponta de tristeza.

Fiquei boquiaberta. Eu não tinha ouvido nenhum boato sobre uma possível compra ou fusão, e eu era a assistente pessoal do dono!

"O que isso significa, senhor? O que acontecerá com você?,” perguntei.

"Passei os últimos trinta anos cultivando esta empresa, mas acredito que é hora de me aposentar. Estou ansioso para passar um tempo com a minha família,” explicou o Sr. Caldwell com um sorriso fraco.

"Mas não se preocupe, Hailey,” continuou ele, "seu emprego está seguro. Agora você é a assistente pessoal do Sr. Benson."

E as surpresas continuavam. Assistente pessoal do Sr. Benson? Ah, não, eu não podia ser sua assistente. O cara me fez sentir... coisas. Coisas que eu nunca senti antes.

Virei para olhar para o Sr. Benson. Seus olhos traçaram o contorno do meu corpo, e tive de apertar as coxas. Não, eu não podia trabalhar para ele. Eu desejava demais esse homem, e esse desejo só me levaria ao perigo.

Mas fui treinada para ser complacente e fazer o que o chefe queria, então, em vez de expressar minha descrença e raiva com a mudança repentina, sorri e assenti.

"Isso é maravilhoso,” disse o Sr. Caldwell. "Tenho certeza de que você e o Sr. Benson se darão muito bem."

"Vou sentir sua falta, Sr. Caldwell,” eu disse enquanto o abraçava. Ele era como um pai para mim, e eu sentiria muito a sua falta.

O Sr. Caldwell me apertou com força, me dando um pouco do conforto que eu precisava naquele momento. O som de um pigarro nos separou. Olhei para o Sr. Benson. Ele estava parado com uma expressão ilegível no rosto. Outro arrepio me percorreu e, dessa vez, não consegui detê-lo.

"Se você já terminou, Henry, acho que devemos finalizar nossa conversa,” disse o Sr. Benson, de forma concisa.

"Sim, sim, é claro. Hailey, por que não continua seu trabalho enquanto o Sr. Benson e eu terminamos aqui?,” disse o Sr. Caldwell ao me dar um leve empurrão em direção à porta.

Acenei com a cabeça e saí do escritório do Sr. Caldwell, mas não sem antes olhar para trás uma última vez. O Sr. Benson continuava a me olhar com aquela expressão ilegível.

Nossa, eu não estava nem um pouco ansiosa para trabalhar para ele.