Carrero - Capa do livro

Carrero

Capítulo 2

65º andar~ da Carrero Corporation, Sede Executiva, Avenida Lexington, Centro de Manhattan.~

Estou observando os ponteiros do relógio se movendo muito lentamente nos últimos minutos e tudo que consigo ouvir é o som do meu sangue correndo nos meus ouvidos.

As minhas mãos estão quentes e úmidas e o meu coração bate tão forte que acho que vou vomitar. É irritante que eu não seja capaz de me manter firme tão facilmente agora que estou aqui.

Me distraio com cada ruído e cada movimento ao meu redor no escritório sóbrio e moderno e com o fato de o teclado novinho em folha na minha frente estar me encarando de volta com expectativa. Nem comecei a trabalhar ainda.

Eu não sou assim.

Respirei fundo doze vezes seguidas, mas as minhas mãos ainda estão tremendo. Sinto que posso desmaiar a qualquer momento.

Estou decepcionada comigo mesma por deixar os meus nervos terem tomado conta de mim e estou tentando suprimir cada emoção, uma de cada vez, guardando elas naquela caixa perfeitamente organizada na minha cabeça.

Seja firme, Emma, ~me repreendo e olho de novo para o meu reflexo no vidro à minha frente, que serve de divisória para o escritório, para garantir que não estou demonstrando nada.

Apesar da minha turbulência mental, pareço independente, calma e com tudo sob controle. Como sempre. Não tem nenhum indício de conflito interno por trás dos olhos azuis frios ou do cabelo castanho claro liso e alinhado.

Anos de prática me deram essa habilidade incrível de passar pela vida garantindo que ninguém jamais veja a minha verdadeira agitação sob a superfície de águas calmas. Nunca vou deixar isso transparecer novamente.

"Emma?" A voz da Margaret Drake me chama enquanto o som dos seus sapatos de salto alto ecoa na minha direção pelo chão de mármore branco do seu escritório. Ela parece serena e graciosa como sempre em um terninho preto feito sob medida e um sapato brilhante de salto.

"Sim, Sra. Drake?" Fico de pé, sem saber se era isso que eu deveria fazer, de repente me sentindo nervosa e tímida com essa mulher que me deixou acompanhar o trabalho dela por mais de uma semana.

Ela está com uma aparência bem profissional hoje, como a de quem tem um objetivo; eu firmo as mãos na bainha do meu blazer e coloco no rosto um sorriso obrigatório e gracioso.

"O Sr. Carrero vai chegar em breve. Certifique-se de que tenha água fresca com cubos de gelo e copos limpos na mesa dele." Ela sorri de forma encorajadora, deve estar sentindo o meu desconforto.

"Deixe a máquina de café expresso ligada e pronta para o caso de ele pedir um e todas as correspondências e mensagens dispostas na mesa antes de ele chegar. Por favor, fique fora do caminho dele até que eu te chame para te apresentar a ele."

Com um grande sorriso, ela dá um tapinha gentil no meu ombro, uma mania com a qual já me acostumei.

"Sim, Sra. Drake." Aceno com a cabeça, ainda tentando não me surpreender com o coque de cabelo loiro platinado preso sem esforço no topo da sua cabeça ou com o blazer de corte tradicional revelando um corpo curvilíneo.

A minha mentora, Margo Drake, é uma pessoa linda e inteligente que admiro muito. Quando a conheci há alguns dias, fiquei chocada com a sua aparência.

A minha mentora anterior me informou que a Sra. Drake, assistente pessoal do Sr. Carrero, estava na casa dos cinquenta anos.

Acho que eu esperava uma baranga brava, considerando o seu papel crucial na empresa, não essa pessoas fabulosa e bem vestida na minha frente, com uma beleza de tirar o fôlego e uma simpatia natural.

"Ah, e Emma?" ela faz uma pausa e se vira levemente.

"Sim, Sra. Drake?"

"Essa semana, você tem um encontro com a Donna Moore. Ela é a consultora de moda do Sr. Carrero e vai providenciar roupas de trabalho adequadas para você.

"Tudo o que você precisa para representá-lo em viagens, eventos e coisas assim, e também para toda aquela porcaria de tapete vermelho que ele tanto gosta." Ela sorri calorosamente com um pequeno suspiro e uma sobrancelha levantada, sugerindo que desaprova as relações públicas dele.

Eu engulo em seco, reprimindo o meu nervosismo mais uma vez. Eu sabia que a minha função exige que eu esteja sempre disponível para viagens e eventos, mas nunca fui informada de que isso inclui o lado público da coisa.

Caramba!

"Sim, Sra. Drake," digo, tentando calcular quanto vou ter que gastar para me preparar para o tapete vermelho, preocupada que isso possa consumir um pouco mais das minhas economias do que eu esperava. Muito mais.

"São despesas da empresa, Emma. O Sr. Carrero espera que a sua equipe se vista de uma determinada maneira." Ela pisca para mim. "Ele considera como uma despesa necessária para todos os funcionários do 65º andar."

A Sra. Drake tem essa habilidade incrível de ler a mente das pessoas. Gosto da habilidade dela; elimina mal-entendidos embaraçosos e hesitações nervosas, sem deixar espaço para dúvidas, e acho que trabalho bem com ela por causa disso.

Solto um suspiro de alívio por dentro ao pensar que isso não vai afetar as minhas economias ou as minhas esperanças de um dia comprar um apartamento em Nova York para reduzir o meu tempo de deslocamento.

"Obrigada, Sra. Drake." Aceno com a cabeça enquanto ela se afasta para ir embora.

"Emma?" Ela vira a cabeça para mim com um meio sorriso.

"Sim, Sra.—"

"Por favor", ela interrompe, "é Margaret—Margo —de agora em diante! Só os amigos dos meus filhos me chamam de Sra. Drake.

"Você está aqui há mais de uma semana e estou muito feliz com o seu progresso. Vamos trabalhar bem próximas, então, por favor."

Ela me dá um sorriso caloroso antes de virar os seus sapatos de salto alto caros em direção à enorme porta do seu próprio escritório.

Me sinto mais calma. A Margo gosta de mim. Só não tenho certeza se gosto da ideia de tratá-la pelo primeiro nome. Prefiro manter as coisas o mais profissionais e impessoais possível.

Sou boa em manter as pessoas à distância e gosto disso. Permitir que as pessoas cruzem a linha entre trabalho e lazer é um erro complicado que nunca cometi.

Olho distraidamente para o monitor do meu computador, com o logotipo da empresa girando na minha frente como protetor de tela: "Carrero Corporation".

Como se algum dia eu fosse me esquecer do lugar onde trabalhei cercada por ambientes luxuosos, pôsteres e estampas dos produtos Carrero, anúncios em todas as superfícies possíveis e aquele familiar logotipo hexagonal dourado com um C preto brilhando por todos os lados.

O Sr. Carrero surge na minha mente—Sr. Jacob Carrero.

Só o conheço por fotos, mas ele é a principal razão do meu nervosismo.

Homens com dinheiro, poder e boa aparência me deixam desconfortável. Eles são como uma raça diferente e imprevisíveis. Eles veem as mulheres como uma mercadoria e são muito mais perigosos do que os homens comuns.

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