A Maldição - Capa do livro

A Maldição

Silver Taurus

A Maldição

AMARI

Eu apertei os dentes, com força.

"Será que eu deveria usar outra coisa? Ela não tá gritando," uma voz disse enquanto eu tentava ignorá-la e me concentrar na porra do chicote nas minhas costas.

"Chega! Usa o outro chicote, aquele que tem espinhos," outra voz disse, entediada.

Engolindo em seco, tentei preparar a minha mente para o que estava por vir. A sensação de náusea crescendo dentro de mim tornava difícil até mesmo respirar.

Eu silenciosamente olhei para a parede na minha frente. Eu não podia chorar na frente deles de novo.

"Vamos ver se você grita dessa vez", disse a voz atrás de mim.

Eu mantive a minha cabeça baixa. Meu cabelo castanho caía ao redor do meu rosto. O sangue que tinha escorrido mais cedo pela minha testa agora estava seco no meu rosto, e o meu cabelo tinha grudado nele.

Ouvindo os espinhos de metal fazerem um som estranho ao arranhar o chão de concreto, mordi meu lábio seco com força.

Espera, ~eu murmurei. Eu não estava planejando mostrar o quão fraca eu era. Eu não podia ousar demonstrar a minha fraqueza.

Mas eu senti que estava no limite.

Meu lábio doía de tanto morder. O gosto metálico do sangue fez o meu estômago revirar. Por quanto tempo eles estavam planejando me torturar assim?

Sentindo a sensação de queimação se espalhar pelas minhas costas. Minha visão ficou embaçada. Eu xinguei baixinho. Apenas tente ficar acordada. ~Ter perdido tanto sangue fazia com que fosse bem difícil manter os meus olhos abertos.

"Chega," a voz do macho disse enquanto eu suspirei de alívio. "Tranque a humana no quarto dela. Nada de comida, só água."

Caí de joelhos quando eles soltaram as correntes. O chão estava molhado de sangue. As minhas mãos tremiam.

Meus olhos começaram a queimar enquanto as lágrimas lutavam para cair. Eu não podia chorar, não aqui.

Eu gritei quando senti o meu cabelo sendo puxado. Tentei alcançar a pessoa que me puxava, mas não consegui. Por que eu sou tão fraca?

Ouvi barulho de chaves tilintando e logo depois uma porta se abriu e o homem me jogou para dentro. Bati o rosto no chão frio de concreto e gemi. Tentei levantar o meu corpo dolorido, mas uma dor repentina nas costelas me deixou sem fôlego.

"Vagabunda," o homem rosnou enquanto me chutava, novamente. Lutando para conseguir inspirar um pouco de ar, rastejei para longe. Respirando com dificuldade, deixei o meu corpo cair no chão.

O homem apenas zombou e bateu a porta. Finalmente, sozinha e em silêncio, deixei as lágrimas caírem. Soluços de dor, tristeza e loucura me fizeram questionar tudo.

Você já se perguntou por que a vida, às vezes, é tão injusta? Por que algumas coisas aconteceram do jeito que aconteceram? Por que uma garota como eu, que não pedi pra nascer, merece sentir esse tipo de dor?

O meu pecado foi justamente ter nascido. Fui amaldiçoada desde o momento em que nasci e tenho que carregar essa cruz até o dia em que eu morrer. Eu tinha uma família, ou eles se chamavam de minha família, mas eles apenas fingiam ser.

Eu era muito azarada. Uma garota que foi amaldiçoada por causa de um erro que o meu suposto pai cometeu. Tinha sido minha culpa? Não. Mas agora eu tinha que lidar com os erros dele.

Depois de me acalmar, levantei lentamente. Meu vestido rasgado pendia do meu corpo magro. Depois de tirar os farrapos, entrei no meu banheiro.

Estremecendo a cada passo, eu finalmente achei o interruptor. Liguei as luzes e fechei os olhos. A luz amarela cegante fez os meus olhos doerem.

Com o corpo frágil, caminhei até que finalmente parei diante do meu espelho rachado. Ofegante, desviei os olhos. Eu estava horrível.

"Isso não é nada demais", eu murmurei enquanto levantava o meu olhar e olhava para mim mesma.

Contusões, sangue e cicatrizes cobriam o meu corpo. A maioria delas estava no meu peito, pernas e costas. Alguns hematomas eram visíveis nos meus braços, e uma única cicatriz permanecia no meu rosto, bem perto do meu pescoço.

Sim, essa do meu pescoço é uma cicatriz que a minha irmã causou porque ela tentou me matar.

Abri a torneira, despejei um pouco de água nas minhas mãos trêmulas. Respirando fundo, eu joguei um pouco de água nas minhas costas. Um pequeno ganido surgiu dos meus lábios quando senti a água fria arder a minha pele.

Olhando para mim mesma no espelho, assenti. Eu precisava de um banho para poder lavar as minhas feridas. Só assim elas iria se curar.

Dando pequenos passos, cheguei ao chuveiro. Abri a torneira. A água fria caiu na minha pele, me fazendo chorar mais. A dor era insuportável, mas eu tinha que aguentar. Não seria a primeira vez.

Cobrindo a minha boca, solucei em silêncio.

"Por que eu?" Eu disse, entre os soluços.

Estremeci e respirei fundo. Eu estava sentindo o enorme hematoma nas minhas costas. Concentrei em lavar as minhas feridas, e então ouvi uma batida repentina na porta do quarto.

Fiquei tensa, pensando que talvez fosse alguém da minha família. Eles estavam voltando para me punir?

"Po-pode entrar..." eu gaguejei, nervosa. Agarrei uma toalha e me preparei. Quem era?

Alguém abriu a porta; era uma pessoa de cabelo preto.

"Mayah?" Eu sussurrei, insegura.

"Ei," a garota vestida de empregada disse, abrindo a porta e entrando silenciosamente.

"Por que você tá aqui?" Eu perguntei a ela, preocupada que ela fosse ser punida, como da última vez. "Saia já!"

"Não, minha senhora, eu não vou sair", disse Mayah com um sorriso caloroso que fez o meu peito doer.

"Mas você pode ser punida, vai embora por favor", eu implorei a ela.

Mayah era uma empregada que trabalhava no palácio, na minha casa. Eu era uma princesa, mas todos me odiavam. As pessoas da cidade não sabiam da verdade. Elas não imaginavam que a princesa mais jovem era constantemente torturada.

E a Mayah é a única serva que me ajuda. Ela é mais velha do que eu e cuida de mim. Ela é a única pessoa que já demonstrou amor por mim.

"Venha aqui, deixa eu te ajudar", disse Mayah, pegando a pequena caixa de emergência onde eu guardava alguns remédios.

Seu suspiro me fez perceber que essas feridas eram piores que as anteriores. Suspirando, eu a deixei fazer curativos nas minhas feridas. Alguns minutos depois, Mayah terminou.

"Tudo coberto", disse Mayah enquanto fechava a caixa. "Descansa, eu vou trazer alguma coisa pra você comer."

Dei um pequeno agradecimento e um sorriso caloroso, e a Mayah foi embora.

Olhei ao redor. Havia cortinas cinzentas penduradas no teto, decorando o meu quarto cinza. Mesmo sendo uma princesa, eu mal tinha móveis.

A única coisa que eu tinha era um armário de madeira branca, uma penteadeira, a minha cama com dossel e uma mesa de cabeceira. Meu quarto era frio, escuro e solitário.

Meu pai malvado, o Rei Azar do Império Pallatino, cometeu um grande erro. Ele traiu uma bruxa.

Bruxas, feiticeiros e outras criaturas viviam no Império Pallatino. E nós fomos o único império a já trair uma bruxa.

O que o meu pai, o rei Azar, não sabia era que a bruxa que ele traiu iria se vingar, e assim ela fez. Ela matou dois de seus filhos e me amaldiçoou, quando eu era só um bebê.

Assim, ele ficou sozinho com uma filha mais velha e um bebê amaldiçoado.

Eu sempre me perguntei por quê. Eu era só um bebê. Por causa disso, a minha mãe se matou.

Agora, toda vez que o meu pai, o rei, fica com raiva, ele desconta em mim. Não só ele, mas todos.

Aqui no palácio, já fui chamada de escória amaldiçoada. Ninguém se aproxima de mim, e ninguém fala comigo. Eu não tenho amigos. As noites solitárias e as lágrimas sangrentas eram tudo o que eu tinha; o sofrimento era o meu único companheiro.

Apesar disso, eu sorri. Porque todo esse tempo, eu nunca havia mostrado a minha fraqueza ou as minhas lágrimas para eles. Cada castigo, cada tortura, cada palavra venenosa, nunca me fizeram demonstrar fraqueza diante deles.

Porque eu estava determinada a sair desse lugar, custe o que custar. Eu tinha apenas mais dois anos de vida, e não importava o que acontecesse, eu ao menos conquistaria a liberdade que eu tanto queria.

No dia seguinte, acordei pronta para a mesma rotina. Abri as janelas, tomei banho, vesti as minhas roupas esfarrapadas e li alguns livros.

Meu pai não me permitia sair desse quarto. Era a minha gaiola. Eu estava isolada do resto do mundo. Eu só podia sair para eventos que exigiam que toda a família real estivesse presente.

Olhando pela janela, admirei o céu azul. O sol brilhante entrava pela janela. Os pássaros cantavam enquanto o vento soprava lentamente — era uma primavera perfeita.

Então, sorrindo tristemente, olhei além das muralhas do castelo. Eu sempre me perguntei o que há por trás disso. Será que é lindo? Há campos de rosas incríveis? A comida, as pessoas, como elas são?

Olhando para o livro em minhas mãos, eu sorri. Tudo o que eu imaginava não passava de uma fantasia. Eu só podia viajar através das histórias que eu lia. Suspirando, olhei para fora.

Meu quarto ficava na ala leste do castelo. Era um lugar que poucas pessoas visitavam.

Inclinando a minha cabeça no batente da janela, eu suspirei. Minhas feridas ainda doem. Doem menos do que ontem, mas cada pequeno movimento me faz estremecer.

Enquanto pensava na minha vida miserável, uma batida suave me fez olhar para a porta.

"Quem é?" Perguntei.

Com um estouro repentino, a porta do quarto se abriu e a governanta entrou. Fechei o meu livro e me sentei, assustada.

Me olhando da cabeça aos pés, ela zombou. Baixei a cabeça, segurando o livro com força.

"A sua presença está sendo requisitada," a governanta exclamou. Olhei para cima, surpresa. Vi várias outras empregadas entrando com roupas e sapatos.

"AGORA!" ela gritou, me fazendo estremecer. Assentindo rapidamente, levantei enquanto colocava o livro na penteadeira.

Segurando o meu braço, as empregadas me despiram. Eu estremeci a cada toque. Minhas feridas latejaram quando elas começaram a limpar o meu corpo e me ajudaram a me vestir.

Fiquei curiosa para saber por que eu estava sendo solicitada, mas era melhor ficar de boca fechada.

"Vira", a governanta disse. Virei de costas lentamente, mas ela me empurrou para que eu me virasse logo.

Mordi o meu lábio e me preparei mentalmente. Ela apertou o espartilho com tudo, eu inalei fundo e mantive o meu olhar no espelho, bem na minha frente. Minhas feridas nas costas latejavam enquanto ela continuava apertando o espartilho.

Uma única lágrima escorreu pelo meu rosto. Engolindo a dor, mantive a minha cabeça erguida.

Assim que ela terminou, as outras empregadas deram os últimos retoques. Eu me encarei no espelho.

Eu estava usando um longo vestido azul com babados que faziam os meus olhos parecerem mais azuis. O espartilho acentuava o meu corpo magro, mostrando bem a minha cintura fina, e deixando os seios mais voluptuosos e as coxas mais grossas.

As empregadas prenderam o meu cabelo em um rabo de cavalo alto e optaram por fazer uma maquiagem leve. As minhas sardas ainda eram visíveis, apesar delas terem passado pó compacto. Como adereço, elas optaram por um par de brincos de ouro simples.

Assim que terminaram, a governanta pediu a todas que saíssem do quarto.

Nervosamente, brinquei com as minhas mãos.

"O rei deu a ordem pra você estar presente. Então é só você e mais ninguém. Vamos explicar depois por que ele chamou você. Estamos entendidas?" a governanta perguntou enquanto ela olhava severamente para mim.

"Sim, senhora," eu disse com a cabeça baixa.

"Bom, vamos lá," ela disse enquanto abria a porta, e eu saí.

Eu segui atrás da governanta, mantendo a minha cabeça abaixada. Todos que passavam por nós olhavam para mim com admiração. Todo mundo sabia a verdade sobre mim, mas poucos tinham me visto ao vivo e em cores.

"É ela?"

"Sim, é a amaldiçoada."

"Ah, é a primeira vez que a vejo."

"Ela é só uma mulher amaldiçoada."

"Olha pra ela, tão feia."

"Ridícula."

"O rei odeia ela."

"Por que ele não a matou?"

Todas as vozes curiosas sussurravam enquanto olhavam para mim. Eu me senti como um rato de laboratório.

Sorrindo, tentei pensar que tudo o que essas pessoas estavam dizendo era engraçado. Eu não podia deixar que as palavras me ferissem. Eu não era uma garota fraca.

Eu era apenas uma inocente que tinha sido envolvida em tudo isso. Tudo por causa do meu pai.

Parei e levantei a minha cabeça. Dois guardas altos estavam de cabeça erguida. Nenhum deles olhou para mim. Em pé, engoli toda a dor que eu estava sentindo.

"Lembre de manter os bons modos, se você não quiser ser punida", a governanta sussurrou no meu ouvido.

Eu balancei a cabeça obedientemente quando as portas da sala do trono se abriram. Vozes e risos encheram o corredor onde eu estava. Entrei, subi a saia do vestido e comecei a caminhar para o centro da sala.

Paredes brancas e douradas com gárgulas decoravam a enorme sala do trono. Um tapete vermelho tinha sido colocado bem no meio do chão.

Lustres iluminavam o local enquanto a luz refletia no piso de mármore branco que permanecia descoberto.

Ao me notar, todos se calaram. Todos os olhos me olharam como se eu fosse uma presa.

Pelo menos doze homens estavam sentados em cadeiras de madeira com desenhos dourados. Cada um deles tinha uma taça de vinho e comida ao lado.

Os velhos tolos olharam para mim. Alguns com nojo, outros com um sorriso malicioso que poderia me devorar, e outros com ódio, como o meu pai, que estava sentado no seu trono de ouro.

"Glória ao rei do Império Pallatino," eu disse, curvando a minha cabeça em respeito.

"Você pode levantar a cabeça", disse o meu pai, o rei Azar. Fiz o que ele pediu e olhei para ele. Seus olhos castanhos e o cabelo chocolate, assim como o meu, me olhavam com nojo. Por que ele me odiava tanto?

"Então, essa é a sua outra filha?" a voz de um homem disse enquanto eu olhava de lado.

"Tinha me falando que ela era feia, mas é uma belezinha", disse outra voz.

"É uma pena que ela tenha tantas cicatrizes," o primeiro homem disse, novamente.

Eu mantive os meus olhos fixos para a frente. Sem emoção, olhei para o meu pai. Seus olhos nunca deixaram de olhar para os meus. Se ele pudesse, ele me furaria com aqueles olhos.

"Chega", meu pai disse enquanto apoiava a cabeça na mão fechada, eu sabia que ele estava segurando a sua raiva. "Princesa, você foi convocada porque temos novidades pra você."

Eu fiz uma careta. Que novidades?

"Temos um pequeno acordo urgente pra fazer, e você foi a escolhida," meu pai disse enquanto franzia a testa para mim. Eu estava tão confusa que olhei para o chão.

Cometendo um erro, abri a boca e perguntei: "De que acordo você tá falando?"

Percebi um pouco tarde demais que eu tinha falado sem pedir autorização. Eu abaixei a minha cabeça. O medo começou a rastejar pelo meu corpo porque eu sabia que seria punida.

"É um acordo pra casar você!" meu pai retrucou. Seu rosto se contorceu de raiva. Então, olhando através dos meus cílios, eu o vi segurando o próprio braço. "Você vai se casar."

Ninguém disse nada. Esperei o meu pai continuar. Meus dedos estavam perfurando a minha pele enquanto eu repetia a sua frase na minha cabeça. Ele arranjou um casamento para mim? Eu iria me casar?

"Fala logo," a voz de um homem disse, irritado. Olhei para a pessoa que falou. Percebendo quem era, desviei os olhos novamente.

"Cuzão", eu murmurei baixinho.

Eu não tinha percebido antes, mas o meu tio estava sentado na frente. Ele era irmão da minha falecida mãe. Ele me odiava porque me culpava pela morte dela.

"Princesa do Império Pallatino, você vai se casar com o rei do Império Etuicia. É o rei Maximus Joric Perica."

Eu levantei a minha cabeça.

"O-o quê?" Eu murmurei, em descrença. Eu vou ter que me casar com o rei do Império Etuicia? Mas é um império inimigo, o nosso maior inimigo.

"A partir de amanhã, você não pertence mais a esse império. Você tem que se prepara para ser levada ao Império Etuicia," meu pai disse. "Saiam, todos."

Chocada, permaneci ali parada. Tentei formar palavras, mas nada saía da minha boca aberta. Então, levando a mão à boca trêmula, vi uma sombra parada diante de mim.

Surpresa, olhei para cima. O meu pai, o rei Azar, olhou para mim. Seu corpo alto e enorme me fez sentir ainda menor.

Ele me deu um tapa, e eu caí de joelhos.

"Quem te deu permissão pra falar?" meu pai disse enquanto olhava para mim. Eu segurei a minha bochecha. Um gosto metálico de sangue na minha boca me fez perceber que eu estava ferida.

"Você é uma cadela sortuda pra caralho. A minha vontade é te bater até você desmaiar, só não vou fazer isso porque você vai ser levada pro Império Etuicia amanhã."

Meus olhos se encheram de lágrimas.

"Graças a Deus você finalmente vai desaparecer da minha vida. Leve todas as suas merdas com você. Entendeu o que eu tô dizendo? Você tem alguma coisa pra falar?" meu pai sibilou enquanto cuspia no meu rosto. Eu me encolhi.

Limpando o cuspe com a minha mão, eu olhei para ele. Pela primeira vez, vi os seus olhos se arregalarem.

"Estou feliz por estar indo embora, seu merda inútil!" Eu cuspi furiosamente.

"Do que você me chamou?" meu pai disse enquanto puxava o meu cabelo, me fazendo gritar. "Repete!"

Criando coragem eu cuspi de volta na cara dele. Ele gemeu com raiva e depois me chutou. Ofegante, segurei o meu estômago.

"Você que é uma merda inútil que nunca deveria ter nascido. Apenas vá embora daqui," meu pai disse, soltando o meu cabelo.

Me levantei e deixei as lágrimas caírem. Então, me afastei dele e saí da sala.

Corri até o meu quarto. Parecia tão distante que me senti sufocada. Soluçando alto, corri e me tranquei. Ao cair na cama, chorei alto. Eu estava deixando toda a dor acumulada sair.

Com raiva, soltei o meu cabelo. Incomodada com tudo, tirei a roupa. Minhas feridas estavam dormentes por causa do espartilho. Quando olhei para as minhas costas, vi sangue pingando no chão.

Peguei a caixa de emergência e abri. As minhas mãos trêmulas tentaram cobrir as feridas sangrentas. Mas as minhas lágrimas tornavam tudo mais desafiador.

Secando o rosto com as costas da mão, dei um soco com raiva no espelho, quebrando-o.

Quando a raiva saiu do meu corpo, eu finalmente me acalmei.

"Princesa?" A doce voz da Mayah chamou do outro lado da porta.

"Vai embora!" eu retruquei. Eu não estava com vontade de vê-la.

Esperei até que ela fosse embora. Fui ao banheiro. Minhas mãos agarraram a torneira.

"Essa é a sua liberdade", murmurei, olhando para o meu rosto no espelho. "Essa é a sua chance."

No dia seguinte, de manhã bem cedo, a governanta veio com outras servas. Elas me ajudaram a colocar um vestido verde, e então peguei as poucas coisas que eu tinha e saí.

Dei uma última olhada no quarto que serviu como a minha gaiola nos dezoito anos anteriores. Eu sussurrei adeus.

Uma carruagem marrom com a insígnia do império me esperava. Dois cavalos brancos e dois cocheiros me ajudaram a colocar a minha pequena bagagem na carruagem.

Entrei na carruagem e olhei para trás. Ninguém saiu para me ver partir. Sorrindo tristemente, fechei a cortina da janela.

Quando o cocheiro deu a ordem, senti a carruagem se mover. Os cavalos relinchavam enquanto avançavam.

Com um suspiro, inclinei a minha cabeça no travesseiro macio. "Pelo menos ele me deu uma bela carruagem," eu murmurei, tristemente.

Entediada, abri a cortina da janela. O dia estava sombrio, assim como o meu coração. Com um suspiro, eu descansei o queixo na minha mão.

"Você finalmente está livre", eu disse a mim mesma, "livre da tortura."

Eu sou a Amari, princesa do Império Pallatino. A garota amaldiçoada. A maldição caiu sobre mim quando eu nasci. Uma maldição que me levaria para a morte quando eu fizesse vinte anos. Mas eu ainda levaria essa maldição para o meu túmulo. Mas, afinal de contas, eu precisava carregar essa cruz – porque eu não tinha outra opção.

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